26.04.2015
Lançamentos em série, vendas meteóricas,
escalada de preços. Esqueça. Tudo isso ficou no passado
Júlia Lewgoy com agências
Nos últimos anos, muitos proprietários de
imóveis no Rio de Janeiro passaram a se sentir milionários, graças à
supervalorização das residências. Agora, o movimento é outro: é preciso ajustar
preços. A valorização na maior parte dos bairros da cidade nos últimos 12 meses
ficou abaixo da inflação e chegou a cair em algumas áreas, segundo o Sindicato
da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi-Rio).
Os valores de imóveis no Rio de Janeiro
estabilizaram devido ao freio na economia. "Mas dificilmente haverá queda
relevante em preços de imóveis. A margem do setor é baixa, e a saída passa a
ser negociar as condições de pagamento", considera o presidente da
Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro
(Ademi-Rio), João Paulo de Matos.
O mercado do Rio de Janeiro totalizou 16,9
mil unidades lançadas no ano passado, o que representa queda de 20% em relação
a 2013. Nste ano, os lançamentos devem cair no mesmo patamar, ou ainda mais,
como projeta Matos.
Nem mesmo quem trabalha neste mercado escapa
da nova realidade. Elza Salles, gerente de uma imobiliária, está penando para
vender seu apartamento de três quartos e
O professor do Insper Ricardo Humberto
Rocha destaca que a queda no setor não se trata do estouro de uma bolha
imobiliária, e que a retração em lançamentos é inevitável. "Esse ajuste
levará a dois questionamentos de pontos nebulosos: a real margem das
construtoras e os custos do setor", avalia. Para o diretor-geral da
agência de imóveis Brasil Brokers, José Roberto Federighi, apesar do estoque
elevado, a acomodação dos preços é passageira, e os lançamentos devem voltar.
Para enfrentar o momento de cautela no
setor imobiliários, alguns corretores independentes trocam de ramo, e pequenas
empresas optam por funcionários em home office. "Acabou a época em que o
vendedor mandava no mercado. Para vender, é preciso seduzir o consumidor com
melhor preço, qualidade e produto adequado", afirma Rubem Vasconcelos,
presidente da Patrimóvel.
A doutora em Antropologia do consumo e
professora da ESPM-Rio Hilaine Yaccoub explica que a instabilidade econômica é
um dos motivos do freio nos negócios, pois o medo de comprar do consumidor
representa um entrave para o mercado. Por trás dele, há mais que a cautela
frente ao cenário econômico, com instabilidade de emprego e renda. "Para o
brasileiro, comprar a casa própria é a realização de um sonho. Representa
estabilidade, sucesso, numa lógica de resguardo e proteção. Mas agora está
atrelada a contratos de financiamento por uma vida inteira. As pessoas têm medo
de se arriscar", explica.
Com pessoas fugindo da compra e maior
oferta de imóveis, em paralelo, cai o preço do aluguel. "O ano de 2014 foi
quando fechei mais contratos de locação nos últimos cinco anos. Os investidores
pularam fora do mercado. Quem tem dinheiro aplicado pensa duas vezes antes de
investir num ativo que não vai render mais que a inflação", acredita
Rodrigo Barbosa, do site Morabilidade, com foco em imóveis classe A.
Na tentativa de queimar os estoques e
abrir caminho para novos lançamentos, as construtoras passaram a organizar
verdadeiros saldões. Em São Paulo, a construtora Tecnisa, por exemplo, divulga
a promoção Mega Bônus, que promete descontos de até R$ 40 mil na capital
paulista. Ainda não há perspectiva, no entanto, de uma queda geral nos preços
das residências na capital, de acordo com o Secovi-SP.
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